terça-feira, 14 de maio de 2013

BRASIL DO CAFÉ COM LEITE

 BRASIL DO CAFÉ COM LEITE. PROCLAMDA EM 15 de novembro de 1889, a República nascia no Brasil como resultado de um movimento de cúpula, como uma espécie de revolução pelo alto controlada desde o primeiro momento pelos os militares e as elites agrárias. O novo regime não se preocupou em promover as mudanças, mesmo que superficiais, na estrutura econômica DO PAÍS. A grande propriedade rural monocultora e voltada para a exportação se manteve como base da economia e não foi feita nenhuma tentativa de reforma agrária. Ao mesmo tempo, conservou-se a estrutura política sustentada no mandonismo dos coronéis do interior de e das oligarquias agrárias. Por toda à parte, o traço distintivo da jovem república continuou sendo a exclusão social, política e econômica de grande parte da população. 15 de Novembro Escrevo esta no dia seguinte ao aniversario da proclamação da República. Não fui à cidade e deixei-me ficar pelos arredores da casa em que moro, num subúrbio distante. Não ouvi nem sequer as salvas da pragmática: e, hoje, nem sequer li as à notícia das festas comemorativas que se realizaram. Entretanto, li com tristeza a notícia da morte da princesa ISABEL. Embora eu não a julgue com o entusiasmo de panegírico dos jornais, não posso deixar de confessar que simpatizo com essa eminente senhora. Vejo, entretanto, vontade de lembrar-me o estado atual do Brasil, depois de trinta e dois anos de república. Isso me acudiu porque topei com as palavras de compaixão do senhor Ciro de Azevedo pelo estado de miséria em que se acha o grosso da população do antigo império Austríaco. Eu me comovi com a expressão do doutor. Ciro, mas me lembrei ao mesmo tempo do aspecto da Favela, do salgueiro e outras passagens pitoresca desta cidade. Vi em tudo isso a República, e não sei por que, mas vi. Não será, pensei de mim para mim, que a república é o regime da fachada, da ostentação, do falso brilho e luxo de novo-rico, tendo como contraste à miséria geral? Não posso provar e não seria capaz de fazê-lo. Sai pelas ruas do meu subúrbio longínquo a ler as folhas diárias. Lia-as, conforme o gosto antigo e roceiro, numa venda de que minha família é freguesa. Quase todas elas estavam cheias de artigos de tópicos tratando das candidaturas presidenciais (...). Voltei melancolicamente para almoçar, em casa, pensando, cá com meus botões, como devia qualificar perfeitamente a República. Entretanto - eu o sei bem - 15 de Novembro é uma data gloriosa, nos fastos da nossa história, marcando um grande passo na evolução política do país. (Em: Crônicas escolhidas; Lima Barreto, São Paulo Ática, 1995, p.45-46). TERRA E PODER Defensores das ideias de progresso e modernização, os grandes latifundiários do centro sul lutaram contra o império - considerava o regime monárquico um entrave às reformas modernizadoras. Após o breve período de governo chefiado por militares, os grandes fazendeiros conseguiram chegar ao poder. Utilizava-se de métodos eleitorais baseados na violência, em fraudes na compra de votos, fazendo com que as oposições continuassem excluídas do poder em toda a primeira fase da república brasileira. FORMANDO A CLASSE OPERÁRIA As primeiras organizações de trabalhadores no Brasil foram às sociedades de Socorro mutuo, surgido nas ultimas décadas do século XIX. Tinham como objetivo promover uma proteção mínima aos trabalhadores como auxilio em caso de doença, desemprego, invalidez, funeral. Já no inicio do século XX, os trabalhadores sem emprenharam na formação de ligas, sindicatos e federações operárias. A maioria dessas organizações, fundada por militantes anarquistas e socialistas inspirados no sindicalismo europeu, contribuiu para a eclosão dos primeiros grandes movimentos de protesto dos operários, que passavam a valorizar menos os aspectos assistencialistas e mais a as organizações e a luta política. Nesse período, ocorreram grandes ondas grevistas. Uma delas, a greve geral de 1907, praticamente paralisou a cidade de São Paulo, com a reivindicação da jornada de oito horas em 1912 e 1913, varias categorias paralisaram suas atividades. A grande greve geral de 1917 chegou a paralisar a capital paulista desencadeou uma série de movimentos semelhantes em outros pontos do país. Os trabalhadores exigiam direitos já conquistados pelos operários europeus: redução da jornada para oito horas, melhores condições de trabalho e proibição do trabalho infantil. RESISTINDO AO CONTROLE Os operários moravam em casas construídas com materiais precários e comprimidas em espaços muito pequenos, o que os obrigava a utilizar as áreas livres para a lavagem e secagem de roupas. Essa habitação era conhecida como cortiços. Antes da cinco da manha, os pátios dos cortiços já estavam cheios. Todos procuravam se apressar para a higiene matinal: havia apenas um tanque e uma latrina para todos os moradores do cortiço. As fábricas se localizavam geralmente no mesmo bairro, onde homens mulheres e crianças trabalhavam em pé, por cerca de dezesseis horas, vigiados de perto capatazes. Brincadeiras, vaias, demora no banheiro erros no serviço eram severamente punidos como multas descontadas nos salários ou castigos físicos. A exposição frequente ao pó ou a umidade era causadora de uma serie de doenças; contudo, não havia licença para tratamento de saúde, e os trabalhadores eram demitidos logo que adoeciam. As habitações dos operários e pobres em geral motivo de preocupação constante das autoridades. Com pretexto de higienizar esses locais, foram criadas milícias sanitárias que tinham autorização para invadir as casas dos trabalhadores e retirar doentes de moléstia contagiosas. Isso acontecia principalmente quando grassava alguma epidemia, como as de peste bubônica, varíola, febre amarela e febre tifoide. Contudo mesmo ameaçados pelas doenças os trabalhadores resistiam a intervenção do governo em sua vida privada. Esse foi o caso da chamada revolta da Vacina, em 1904, no Rio de Janeiro, o governo determinou a vacinação obrigatória em massa contra a varíola, deliberando a invasão das casas dos trabalhadores e a aplicação forçada da vacina. Durante uma semana, a cidade do Rio de janeiro tornou-se um verdadeiro campo de batalha. Armados de paus e pedras e outras ferramentas, os manifestantes enfrentavam a policia, com feridos de ambos os lados. Os revoltosos assaltavam o comercio, destruíam as lâmpadas de iluminação publica, tombavam bondes, arrancavam o calcamento, erguiam barricadas. Os manifestantes resistiram aos soldados da policia e das forcas armadas só foram vencidos após decretação do estado de sitio e morte de vários revoltosos. Paralelamente, a população sofria com reformas urbanas que procuravam erradicar a pobreza do centro da cidade, empurrando os moradores pelo os bairros pobres para a periferia, o que deu origens às favelas nos morros, ou para as vilas operarias construídas pelos industriais. As vilas ofereciam melhores acomodações que os cortiços, mas seus moradores eram submetidos a regidas regras disciplinares. O cotidiano dos industriais e dos grandes fazendeiros que moravam nas cidades era complemente diferente. Viviam em palácios luxuosos, com hábitos e costumes copiados dos europeus do inicio do século, principalmente dos ingleses. (roupas, livros, música etc.).

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