Certo dia, Paulinho foi passear no jardim público companhia de seu pai, e depois de darem algumas voltas pelas alamedas da praça, foram sentar-se em um banco de cimento, que estava debaixo de uma árvore frondosa.
A tarde era suave e alegre. Muitas famílias saiam de suas casas, depois do jantar, para tomar a fresca, enquanto os pássaros cruzavam o ar, em busca de seus ninhos, soltando trinados que alegravam ainda mais aquelas horas.
Sentados ali, apreciando o voejar das aves nos galhos das árvores, pai e filho riam e um mostrava ao outro este ou aquele pássaro que se aproximava mais deles, voando ou saltitando no canteiro de grama verde e fresca. Olha papai, aquele com uma minhoca no bico? É o jantar dele e de seus filhotes- respondeu o pai. Acompanhemo-lo, Paulinho, para ver como ele vai direito para o ninho. E nisso o pássaro levantou vôo e pousou num galho mais alto e oscilando um pouco a pequena cabeça, como que para melhor se equilibrar com a minhoca no bico, foi, aos pulos, em direção a uma forquilha do galho, onde a folhagem era mais espessa.
Será ali o seu ninho? Indagou Paulinho.
Vamos ver... disse o pai, levantando-se do banco para ver onde estava o pássaro. O Senhor vê alguma coisa? Sim meu filho. É ali o ninho do pássaro. Venha até aqui e você vera também o ninho e os filhotes.
Paulinho esticou-se nas pontas dos pés e exclamou: Que beleza parece que eles tem as cabecinhas vermelhas!
Sim são quase vermelhas Paulinho, pois eles ainda não tem penas. A pele é coberta por uma penugem muito fina, por isso podemos ver a coloração que o sangue lhes dá na pele. E os bicos são brancos? Sim explicou o papai. O bico ainda não se solidificou e por isso são bem clarinhos.
Veja papai, estão esperando o alimento. Ouça o barulho que fazem! Querem até pular para alcançar o alimento no bico da mãe.
Estão famintos!
Papai é bom ser pássaro, não? Por que, meu filho?
Ora não trabalham para comer, basta ciscarem um pouquinho a terra e pronto, é só bicarem o alimento. Não trabalham para se vestirem, é só esperar que as penas velhas caiam e que nasçam as novas. Não, meu filho, não é bem assim que as coisas ocorrem na vida dos pássaros. Aparentemente, o seu pensamento pode parecer certo, mas se meditarmos bem no assunto, veremos que não é assim. Os pássaros que estamos vendo aqui, chamam-se pardais.
Observe bem o tamanho deles.
Acredita que poderiam ser encarregados de trabalhos mais pesados do que os que tem? Veja aquele ninho! Quantas viagens ele precisou para construi-lo, transportando no bico pauzinho por pauzinho, palha por palha? Isto é trabalho para eles. Igual ao meu que trabalhei muito tempo para comprar o terreno e construir a casa em que moramos. Agora, não preciso trabalhar tanto, mas trabalho regularmente para o nosso sustento. Ele também trabalha menos, depois de Ter o ninho construído. Agora trabalha para alimentar os filhotes. E olhe, dentro de alguns dias, vai trabalhar para educar os filhos. A voarem, catarem alimentos e fugirem dos perigos.
Que perigos, papai? Indagou Paulinho.
Ora, meu filho, não vê aquele gato deitado sobre o muro? Ele está observando algum pássaro mais descuidado para dar o pulo. Sim, sim, papai, mas a vida dos pássaros é muito mais simples do que a nossa!
Não resta dúvida meu filho, Uma das razões é que eles não são ambiciosos como nós. Não tem esta imperfeição que os homens desenvolveram. Veja, por exemplo, o desejo de posse que os homens tem Quanto mais possuem, mais querem possuir. E muitas vezes nem observam os MEIOS de que se servem para conseguir o que querem.
Se você observar, verá que os esforços mais insistentes, não são para adquirirem o necessário, mas sim o supérfluo, que é o alimento da vaidade, e do egoísmo .Ah! agora me lembro, disse Paulinho, a professora da escola de Moral Cristã já nos falou sobre a ambição dos homens.
Sim meu filho, ela deve Ter falado sobre uma passagem do Evangelho de Jesus, sobre esse assunto.
"Não junteis para vós, tesouros perecíveis, que os ladrões roubam que a traça consome e que a ferrugem destrui.
Observai os lírios do campo, que não tecem nem fiam. Eu vos afirmo que nem Salomão na sua gloria se vestiu como qualquer deles. Não andeis pois a indagar: o que haveis de comer, beber ou vestir, e não vos entregueis a inquietações. Os gentios é que procuram estas coisas, Vosso Pai sabe do que necessitais e não vos faltará."
Sim meu filho. Todos os dias quando observamos as flores , os pássaros, bem que podemos meditar no maravilhoso ensinamento de que Jesus nos legou. Ele nos orienta, para que sejamos mais simples, alijando as imperfeições de nossos espíritos. Pois quanto mais nos prender-mos aos bens materiais, mais nos afastamos dos bens espirituais.
Mas papai, não seria possível, nós vivermos como os pássaros? Comentou Paulinho. Claro meu filho, esclareceu o pai. Não seria possível mesmo, pois somos diferentes deles. Mas isso não impede que eles nos sirvam bons exemplos!
Os tesouros materiais, estão sujeitos a serem roubados pelos ladrões, estragados pela ferrugem e danificados pelas traças. Já, as conquistas espirituais são tesouros imperecíveis de grande valor no reino do Céu.
Se os homens se limitassem a uma vida passiva e não ativassem suas forças físicas e intelectuais, eles não estariam colaborando com a obra de Deus e nem atendendo à Lei do Progresso que é Lei Divina. Veja meu filho, os pássaros não tem o raciocínio que tem os homens, no entanto, colaboram na obra de Deus. Combatem os insetos daninhos, que atacam as plantações, ornamentam o espaço com seus vôos, enfeitam as árvores com suas penas coloridas e com seus cantos maviosos e agradáveis, alegrando os nossos espíritos. Os peixes nos rios e mares, que nos alimentam e pedem tão pouco, pois vivem de alimentação simples que o próprio mar e rios lhes fornecem.
É verdade Papai... disse Paulinho pensativo.
Já a noite estava envolvendo a praça e as luzes das ruas estavam acesas. Uma aragem fresca percorria o espaço, espalhando o perfume das flores e movimentando as folhas dos arbustos. Pai e filho, pensativos, mas felizes, tomaram a passos lentos, o caminho de casa!
http://www.techs.com.br/meimei/historias/historia70.htm
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