sábado, 13 de abril de 2013

O BOBO DA CORTE





Havia uma vez, já há muito, muito, muito tempo, num reino distante, um castelo imponente e bonito. Vivia ali uma família muito distinta: um rei, a rainha e os seus doze principezinhos, seis meninos e seis meninas.


Além disso, viviam ali muitos familiares, e também o castelo era freqüentado por ilustres visitantes. Um exército de servos mantinha o castelo limpinho, todo arrumado, ordenado e reluzente.


Cuidavam de todas as necessidades do rei, da rainha dos filhos e de todos os visitantes, e ainda sobrava tempo para passear e descansar porque cada um cumpria alegremente com as suas tarefas. No castelo reinava a paz e a obediência.


Mas que ninguém ache que os reis e seus filhos ficavam coçando a barriga todo o dia, não! Cada um tinha as suas responsabilidades. As crianças tinham suas tarefas diárias, alguns lavavam louça, outros varriam, outros arrumavam quartos, etc.


Os reis não queriam que os seus filhos fossem preguiçosos, e sim queriam seis responsáveis e corajosos meninos e seis submissas e encantadoras meninas.


Quando o inverno chegou, o sol se ocultava às cinco da tarde e clareava só às seis da manhã. Como as noites eram tão compridas, o rei e a rainha tinham no castelo muitos músicos e artistas para entreter as visitas nos alegres jantares oferecidos para eles.


Um dia chegou ao castelo um estranho homenzinho. Ele estava procurando emprego como bobo da corte (assim são chamadas as pessoas que se encarregam de divertir os reis e senhores da corte)


-Meu nome é Naoq. Disse o homenzinho para o mordomo que abriu a porta.


-Eu sei fazer de tudo: contar piadas, dançar, cantar, fazer acrobacias, sou muito engraçado!


O mordomo falou com o rei, que decidiu contratá-lo durante todo o inverno. Foi assim que o bobo da corte passou a trabalhar no castelo.


Nas primeiras noites deixou a todos encantados com a sua atuação. Pequenos e grandes riram tanto que ainda dormindo continuavam se ouvindo gargalhadas nos luxuosos quartos.


Mas logo, logo começou a acontecer algo muito, muito estranho.


O Bobo da corte tinha uma característica engraçada, jamais fazia o que pediam pra ele. Se alguém falava: faça alguma acrobacia. Naoq começava a cantar!


Quando pediam que cantasse, ele começava a dançar.


E quando pediam que dançasse, ele começava a contar piadas. No início todos acharam muito engraçado, mas logo começou a acontecer algo alarmante: muitos começaram a agir da mesma maneira que o Bobo da corte!


Primeiro os músicos. Os reis pediam um concerto de violino e eles tocavam os tambores. A rainha pediu: Amanhã quero uma música alegre porque temos um aniversário, então os músicos chegavam vestidos de preto tocando músicas muito tristes, tanto que todos terminavam chorando na festa.


No outro dia o rei pedia: Agora toquem música suave e tranqüila porque queremos conversar com os visitantes. Mas o que vocês acham que os músicos faziam?


Vestiram-se de cores estridentes e começaram a tocar seus instrumentos num som altíssimo que não dava pra ouvir nada!


Todos que estavam no castelo, tapavam os ouvidos apavorados.


-Guardas! Venham imediatamente! Disse o rei com muita raiva.


-Prendam estes homens que estão perturbando a paz do meu castelo!


Mas em lugar de prender os músicos, os guardas aplaudiam, abraçavam e davam os parabéns, pra eles!


-Mordomos, servos e servas! Gritava o rei: Venham aqui, por favor!


Mas que coisa mais maluca! Essa estranha peste tinha pegado em todos os servos do rei.


A rainha chorava desconsolada quando viu o estado do seu lindo castelo. Todos, do mordomo até o jardineiro, em lugar de obedecer começaram a brincar, a descansar, outros saiam a passear.


A terrível e estranha peste estava por todo lugar. Os cozinheiros no café da manha serviam sopa, e na hora do almoço chá com bolachas!


As empregadas na hora de limpar tiravam um cochilo, e na hora de dormir faziam muita bagunça e ninguém no castelo conseguia dormir.


Colocavam os moveis de cabeça pra baixo, arrumavam à cama quando as pessoas ainda estavam dormindo. Ninguém obedecia, era um caos. Até as plantas do castelo se contagiaram.


-Oh, meu rei! Reclamava o jardineiro:Plantei batatas e nasceram girassóis! Plantei espinafre e nasceu melancia!


Essa peste pegou também nos filhos do rei, eles ficaram totalmente insuportáveis! Não obedeciam mais a os seus pais nem aos seus professores! Todos eles abandonaram as suas responsabilidades.


Agora ninguém limpava nem ordenava nada. As crianças riscavam as paredes, brigavam, não dormiam quando os seus pais mandavam, não queiram ir à escola, não estudavam e nem banho queriam tomar. Eles faziam o que queriam!


Os visitantes do castelo ao ver essa doença saíram apavorados, mas tiveram que ir a pé, porque nem os cavalos queriam obedecer, eles deitavam-se, ou pulavam dando chutes.


Assim o castelo que tinha sido tão feliz e pacífico se transformou em um tormento, cheio de prantos, gritos, sujeira, desordem e desobediência!


O rei e a rainha estavam desconsolados! Todos os habitantes do reino diziam:


-O castelo esta amaldiçoado!


O único que parecia feliz neste ambiente de terror era o Bobo da Corte “Naoq”. Ele ficava rindo e desfrutando da desordem reinando no castelo.


Depois de uns dias, o rei e a rainha decidiram procurar ajuda a um médico amigo da família que era muito sábio e experiente. O sábio médico consultou cada pessoa do castelo que estava infectada com essa terrível doença. Depois de examinar todos, chamou o rei e a rainha e disse:


-Amados, rei e rainha, a questão é simples, chamem ao Bobo da Corte, por favor!


Quando o Bobo chegou o médico vociferou, ou seja, clamou, bradou:


-Agora, você enganador, diga a sua majestade o seu nome completo!


Tremendo de medo o Bobo da Corte confessou:


-Meu nome é NAOQ… NAOQUERO e meu sobrenome é REBELDES


-Este delinqüente, apontou o sábio médico, é o responsável pelo desastre que aconteceu no castelo. Este homem chamado NAOQUERO REBELDES, transmite uma contagiosa e terrível doença chamada de DESOBEDIENTITES AGUDA. Esta doença destrói vidas e lares por onde se espalha.


-Mas agora, aquele que quiser meu remédio, o livrarei desta peste, e também se sua majestade me permite, juntos poderemos expulsar o criminoso.


O rei e a rainha choravam da emoção! Eles chamaram toda a família e todos os habitantes do reino que estavam contagiados e deram as boas novas. Todos, um a um foram curados pelo sábio médico e depois, entre todos, pegaram o Bobo da Corte pelos pés e as mãos e o jogaram pelos ares bem longe do reino e do castelo.


Assim, o amor, a obediência e a paz voltaram a reinar no Castelo.


- Ah, estava me esquecendo! O rei e a rainha querem deixar um recadinho aqui:


“O Bobo da Corte, Naoq continua andando por aí! Cuidado crianças, não permitam que entrem nas suas casas. E se por algum motivo já entrou, não se apavorem, há uma saída, chamem o médico sábio, o Senhor Jesus, para libertá-los dessa peste e desse malvado”

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